sexta-feira, 24 de abril de 2015




Alegorias

Alegoria: I am sweet

Certos hábitos, usos ou costumes adquirem o status de culturais em determinados lugares. Em nosso Estado, por exemplo, as cores vermelho e azul identificam o torcedores do Colorado e do Grêmio. São manifestações culturais espontâneas. Outras  são convenções criadas pela mídia  que o tempo legitima porque incentivam uma atitude positiva. Por esse motivo, acredito ser pertinente enfocar um tema midiático pelo ponto de vista da Arte, neste espaço onde o tema predominante é Cultura.
Foi convencionado pela Unesco o dia 14 do mês de novembro como Dia Internacional do Combate a Diabetes, tendo como símbolo o circulo azul. Coleciono as ampolas de Insulina e as seringas com que a aplico, desde que a Diabetes entrou na minha vida. Pensei realizar trabalhos artísticos e organizar uma exposição, com esse assunto como acontece em outros países como Portugal. Diante da crescente mecanização do tempo atual, o ser humano corre o risco de cada vez mais se adaptar ao estabelecido, se colocando em uma função apática, meramente contemplativa, sem questionamentos. Ao invés de contemplar pacificamente a coisificação de meros objetos de consumo,  resignifico-os poeticamente.
 “ O alegorista não inventa imagens, ele as confisca… Em suas mãos a realidade se transforma em outra coisa.” Craig Owens.
 Utilizei os objetos que colecionei durante vários anos, nesta série,  sob o conceito de Alegoria, embricando arte e vida.
Na origem de Alegoria estão os termos gregos  allos = outro,  acrescido de agourei= fala. Assim, apresento uma “outra fala” a respeito daqueles objetos comuns a qualquer portador de Diabetes
A série I am sweet ( Eu sou doce)  compreende as Alegorias I, II e III;
                                                Alegoria I .
 Uma  mandala construída com as ampolas e seringas de Insulina.

                                                    Alegoria II.
 Xilogravuras sobre papel arroz com a Inscrição I am sweet circunscrita no circulo azul.

Alegoria III.
Uma gota sangue em aguarela inserida  em dois tijolos de vidro, simbolizando um cubo de açucar.
A função da arte é provocar, instigar, arrancar dessa “contemplação melancólica  que hipertrofia a razão em detrimento da emoção”.  Reconheço aqui uma “estética do cotidiano” o que segundo Tassinari é
“quando um objeto qualquer, na vida diária, adquire valor estético para alguém e como que salta para fora dela, comunicando o que poderia permanecer encerrado na experiência de cada um.”
 Desta forma, compartilho minhas vivências em procedimento próprio da arte contemporânea, na exposição Jogos da Memória.
A intensão é que observador se permita o exercício de de ler o que a obra de arte tem a dizer sobre a vida.

                                                                                         Sandra Simões

DUARTE JUNIOR, J Francisco. Porque arte –Educação? Campinas: Papirus,1985.

TASSINARI, Alberto. O espaço Moderno. São Paulo: Cosac & Naif,2001.
                 Angel
                         by Thiery Mudler

Agora eu era portal
Por onde orbitavam estrelas
Que cintilam em teu globo ocular.
Um anjo as colocou ali permanente
Porque quando voce me olhava
Elas se refletiam no espelho do meu corpo.
E voce me tomava pela mão
E junto navegavamos  incontinente
Pelo  infinito céu da boca.


                             Sandra Simões