Alegoria: I am sweet
Certos hábitos, usos ou costumes
adquirem o status de culturais em determinados lugares. Em nosso Estado, por
exemplo, as cores vermelho e azul identificam o torcedores do Colorado e do
Grêmio. São manifestações culturais espontâneas. Outras são convenções criadas pela mídia que o tempo legitima porque incentivam uma
atitude positiva. Por esse motivo, acredito ser pertinente enfocar um tema
midiático pelo ponto de vista da Arte, neste espaço onde o tema predominante é
Cultura.
Foi convencionado pela Unesco o dia
14 do mês de novembro como Dia Internacional do Combate a Diabetes, tendo como
símbolo o circulo azul. Coleciono as ampolas de Insulina e as seringas com que a
aplico, desde que a Diabetes entrou na minha vida. Pensei realizar trabalhos
artísticos e organizar uma exposição, com esse assunto como acontece em outros
países como Portugal. Diante da crescente mecanização do tempo atual, o ser
humano corre o risco de cada vez mais se adaptar ao estabelecido, se colocando
em uma função apática, meramente contemplativa, sem questionamentos. Ao invés
de contemplar pacificamente a coisificação de meros objetos de consumo, resignifico-os poeticamente.
“ O alegorista não inventa imagens, ele as
confisca… Em suas mãos a realidade se transforma em outra coisa.” Craig Owens.
Utilizei os objetos que colecionei durante
vários anos, nesta série, sob o conceito
de Alegoria, embricando arte e vida.
Na origem de Alegoria estão os termos
gregos allos =
outro, acrescido de agourei= fala.
Assim, apresento uma “outra fala” a respeito daqueles objetos comuns a qualquer
portador de Diabetes
A série I am sweet ( Eu sou doce)
compreende as Alegorias I, II e III;
Alegoria I .
Uma
mandala construída com as ampolas e seringas de Insulina.
Alegoria II.
Xilogravuras sobre papel arroz com a Inscrição
I am sweet circunscrita no circulo
azul.
Alegoria III.
Uma gota sangue em aguarela
inserida em dois tijolos de vidro, simbolizando
um cubo de açucar.
A função da arte é provocar,
instigar, arrancar dessa “contemplação melancólica que hipertrofia a razão em detrimento da
emoção”. Reconheço aqui uma “estética do
cotidiano” o que segundo Tassinari é
“quando um objeto qualquer, na vida
diária, adquire valor estético para alguém e como que salta para fora dela,
comunicando o que poderia permanecer encerrado na experiência de cada um.”
Desta forma, compartilho minhas vivências em
procedimento próprio da arte contemporânea, na exposição Jogos da Memória.
A intensão é que observador se
permita o exercício de de ler o que a obra de arte tem a dizer sobre a vida.
Sandra Simões
DUARTE JUNIOR, J Francisco. Porque arte –Educação?
Campinas: Papirus,1985.
TASSINARI, Alberto. O espaço Moderno. São Paulo: Cosac
& Naif,2001.
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