quinta-feira, 17 de junho de 2021
domingo, 22 de setembro de 2019
A maneira de Camões
Te amo assim
Sem razão e sem motivo
te amo porque vc existe
Indiferente a isso me fazer
alegre ou triste
Te amo assim...
e te amaria muito mais ainda
" Se não fora, para tão grande amor
Tao curta a vida"
Gravatai, 06/04/ 2019
Sem razão e sem motivo
te amo porque vc existe
Indiferente a isso me fazer
alegre ou triste
Te amo assim...
e te amaria muito mais ainda
" Se não fora, para tão grande amor
Tao curta a vida"
Gravatai, 06/04/ 2019
quarta-feira, 8 de março de 2017
Mulheres Negras e o
Amor com Homens Brancos.
por Sandra Simões
Não sei bem porquê
razão ( será a Primavera?) decidi
pesquisar sobre mulheres negras e o amor através da história. Aludindo ao universo subjetivo, sensível, relatando os fatos, não emitindo
necessariamente um julgamento. Fui em busca dos amores famosos, os que estão nos livros, nos compêndios da
Mitologia, da Música, da Arte, e da História e podem ser comprovados nos
vestígios que permanecem até os dias atuais.
A primeira referência
se encontra na Mitologia Grega, e não é
propriamente uma história de amor mas de afirmação da beleza da mulher
negra. Trata-se de Cassiopéia,[1] a mãe de Andrômeda. Andrômeda que foi salva
por Perseu, no seu cavalo alado Pégasso, do rochedo onde estava amarrada como castigo
á sua mãe que ousou vangloriar-se da própria beleza.
“De cor escura e bela
Como a irmã do Príncipe Mêmnon
Ou a estelar rainha da Etiópia[3]
Punida ao atrever-se a comparar
Com a das ninfas do mar sua beleza”.
Como a irmã do Príncipe Mêmnon
Ou a estelar rainha da Etiópia[3]
Punida ao atrever-se a comparar
Com a das ninfas do mar sua beleza”.
Cassiopéia é chamada a "estelar rainha da
Etiópia", porque, depois de morta, foi colocada entre as estrelas,
formando a constelação que leva seu nome. Embora tivesse alcançado essa honra,
as ninfas do mar, suas velhas inimigas, conseguiram que ela fosse colocada na
parte do céu próxima ao pólo, onde, todas as noites, tem de passar metade do
tempo com a cabeça para baixo, recebendo uma lição de humildade. Sobre a
Constelação Cassiopeia consulte[4]o site.
Era também etíope, portanto negra, a Rainha de Sabá, que
visitou o Rei Salomão conforme a Biblia
menciona.
As pesquisas no âmbito da música me levaram as histórias de amores de
mulheres negras cantadas nas óperas A Africana de Giacomo Meyerbeer (1791 – 1864) e Aída
de Giusepe Verdi.( 1813 — 1901)
A Africana foi estreada na Ópera de Paris em 28 de Abril de 1865. A ação do libreto original escrita por Eugène Scribe, em 1857,
passar-se-ia entre África e Espanha, e
relata o romance entre Vasco da
Gama e a raínha-escrava, Sélika, que se suicida mastigando uma flor
venenosa na partida do seu amor para suas viagens de conquistas.
A
ópera de quatro atos Aída, estreiou no
Cairo em 24 de dezembro 1871, dois anos depois da
inauguração do canal de Suez, em 17 de novembro de 1869. Relata a história de Aída, princesa etíope, escrava no Egito,
apaixonada por Radamés general egípcio. Radamés apesar de ser prometido a
Amnéris, filha do Faraó está apaixonado por Aída. No final Radamés é condenado
como traidor e Aída se esconde na tumba sendo enterrada viva com ele.
Dois grandes personagens da literatura
universal, viveram romances com mulheres negras imortalizadas em suas obras. O
escritor e dramaturgo inglês Willian
Shakespeare e o poeta francês Charles Baudelaire.
William Shakespeare[5] em
torno de 1598, descreve em seus Sonetos 127-52 seu amor, ciúmes, suspeitas e acusações, por
uma mulher negra, o que lhe causa desgosto, mas não sabe como resisti-la,
apesar de não a considerar nem mesmo bela. Bem contraditórios deviam ser seus
sentimentos em desacordo com a moral vigente na época, em pleno sec.XVI.
SONETO 127
Em tempos remotos, o negro não era belo,
Ou se fosse, assim não seria chamado;
Mas agora surge o herdeiro da negra beleza,
E o belo está imprecado de bastardia;
Desde que as mãos detêm o poder sobre a natureza,
Embelezando a feiura com o falso rosto da arte,
A doce beleza não tem nome, nem jardim sagrado,
Vive profanada, ou caiu em desgraça.
Os olhos de minha senhora são escuros como o corvo,
Tão belos são seus olhos, e sua tristeza tão comovente,
Que, mesmo sem ser bonita, ainda é bela,
Difamando a criação com falsa estima.
Eles se entristecem com a própria aflição,
Ao ouvirem não haver beleza como a dela.
Em tempos remotos, o negro não era belo,
Ou se fosse, assim não seria chamado;
Mas agora surge o herdeiro da negra beleza,
E o belo está imprecado de bastardia;
Desde que as mãos detêm o poder sobre a natureza,
Embelezando a feiura com o falso rosto da arte,
A doce beleza não tem nome, nem jardim sagrado,
Vive profanada, ou caiu em desgraça.
Os olhos de minha senhora são escuros como o corvo,
Tão belos são seus olhos, e sua tristeza tão comovente,
Que, mesmo sem ser bonita, ainda é bela,
Difamando a criação com falsa estima.
Eles se entristecem com a própria aflição,
Ao ouvirem não haver beleza como a dela.
JeanneDuval[6] (1820 — 1862) foi uma atriz e dançarina haitiana, musa e companheira do poeta e crítico de arte francês Charles Baudelaire. Eles se conheceram em 1842, no Haiti e ele a
levou para Paris. Desde então, os dois mantiveram
um romance de vinte anos, viveram
juntos, separando-se e reconciliando-se
muitas vezes.
A princípio, Baudelaire instala Duval no n.° 6 da rue de la Femme-sans-tête (rua da Mulher sem cabeça), atual rue
Le Regrattier, nas proximidades do hôtel
Pimodan, Quai d'Anjou, na Île Saint-Louis, onde
ele mesmo morava.Este endereço existe até hoje.
Duval é considerada como a mulher que o poeta mais amou
na vida, e a ela dedicou os poemas Le balcon, Parfum exotique, La chevelure, Sed non satiata, Le serpent qui danse e Une
charogne. Baudelaire costumava chamá-la "a amante das amantes" ou
sua "vênus negra". Acredita-se, dentro da visão predominante dos
meados do século
XIX, que, para ele, Duval simbolizava a beleza
perigosa, a sensualidade e o mistério de uma negra, de acordo com o título de
seu livro mais importante e censurado Flores do Mal.
No Brasil temos, entre muitos que devem haver neste país
miscigenado, o romance histórico entre a escrava Chica da Silva e o contratador de diamantes Jõao Fernandes de
Oliveira.
Francisca da Silva de Oliveira[7],
ou simplesmente Chica da Silva ( 1732 - 15
de fevereiro de 1796 ), foi uma escrava,
posteriormente alforriada,
que viveu no Arraial
do Tijuco, atual Diamantina, Minas
Gerais, durante a segunda metade do século
XVIII.
Manteve durante
mais de quinze anos uma história de amor estável com o rico contratador dos
diamantes João Fernandes de Oliveira gerando com ele treze filhos . Quando ele teve de voltar a Portugal
deixou para ela grande herança, e levou consigo os quatro filhos homens do
casal, que lá alcançaram importantes cargos .
Entre 1755 e 1770 João Fernandes e Chica da Silva habitaram a edificação existente no que hoje
é a praça Lobo de Mesquita, no
número 266, em Diamantina .(Explore O Street View)
Essas histórias de amor são algumas entre tantas que devem existir,
anônimas ou esquecidas. Menos famosas que as histórias de Romeu e Julieta,
Penélope e Ulisses, Tristão e Isolda, Guinevere e Lancelot, Dante e Beatriz, Bonnye e Clayde ou Shrek e
Fiona, mas mostram que o amor ainda existe e é capaz de
transpor as barreiras do preconceito e da ignorância.
[1] KURY, Mário da Gama. Dicionário de Mitologia Grega e Romana. São Paulo; Zahar, 2003. pág. 7( Fonte:'' O livro de ouro da mitologia'' - Thomas
Bulfinch
[2] Tillyard, E. M. W. "Milton: 'L'Allegro' and
'Il Penseroso in The Miltonic Setting, Past and Present. Cambridge:
Cambridge University Press, 1938
[3] A história da Etiópia está documentada como uma das mais antigas do mundo
remonta ao reino de Sabá,
atual Iemên do Sul. Desde aproximadamente o século IV a.C. os gregos chamavam de
"Etiópia" a todos os países com população de raça negra.
[5] MOURA, Vasco Graça.
Os Sonetos Completos - William Shakespeare.São Paulo; Saraiva, 2009
Introdução aos Sonetos de
Shakespeare contida na Edição Completa editada por David Bevigton, Sexta Edição.tresando.com/2012/06/06/introducao-aos-sonetos-de-shakespeare/Visivel
em 25/09/205
[6] https://pt.wikipedia.org/wiki/Jeanne_Duval.
http://baudelaire.litteratura.com/?rub=vie&srub=per&id=5#.Vgc8GNJViko Visualizada em 25/09/2015
[7]
FURTADO,Júnia Ferreira. Chica
da Silva e o Contratador de Diamantes - O Outro Lado do Mito. São
Paulo;Companhia das Letras, 2009.
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
sexta-feira, 7 de agosto de 2015
domingo, 2 de agosto de 2015
Eu e a lua
No tempo em que eu andava nua,
Perfumada em sândalo, lírio e jasmim,
Me banhava num lago
e minha pele negra
brilhava a luz da lua,
Eu já era tua!
Dançava junto a fogueira,
Praticava rituais de sedução
Era a ti predestinada
por instinto e emoção!
Através de muitas eras,
das cruzadas e da
cavalaria,
mudaram os mitos,
perderam-se as crenças
Não mudou a certeza
que eu te pertencia.
Hoje é diferente
uso outros perfumes,
aplico nos lábios batom,
vou ao shopping center
Mas é você que eu busco
dentre a multidão.
Sou teu legado ancestral.
meu corpo guarda o mesmo cheiro,
Ainda uivo nas noites de lua,
E a cada dia te
espero.
Nua!
domingo, 26 de julho de 2015
Sobre ver e Olhar
"A chama que me arde mora além dos olhos que tu tens"Lari Franchesquetto |
Sobre Ver e Olhar
por Sandra Simões
Vivemos uma “
civilização das imagens” diferente de tempos anteriores do predomínio da voz e
posteriormente da escrita. Falamos aqui das imagens do cotidiano, e não apenas
das imagens artísticas.
Em um mundo globalizado, massificado pelas
imagens veiculadas pela mídia, as sensações entram por nossos olhos como coisa
pronta, acabada. São imagens de fácil reconhecimento que induzem a uma leitura
superficial, impedem o indivíduo de imaginar, de pensar o novo. A
imaginação esvaziada e a gratuidade dos
sentidos produz angústia e alienação, hipertrofiando a razão. Sem imaginação não
há emoção, os nervos não vibram, os sentidos se anulam frente as vivências e
experiências cotidianas.
“A hipertrofia
da razão, em detrimento da emoção conduz à violência e à alienação. A violência
como única forma de fazer os nervos vibrarem. À alienação quando a vida não faz
mais sentido.” Duarte Junior
Imaginação?
Mas para que
imaginação?
A imaginação propicia o simbolizar, atribuir
outros sentidos à objetos e acontecimentos. Simbolizar é o que diferencia o homem das outras
espécies. A capacidade de simbolizar transforma a vida biológica em coisa qualitativamente
diferente. Merleau-Ponty denomina o
comportamento humano como “ comportamento
simbólico”. O animal reage
aos estímulos. O homem age em função
dos significados que imprime à realidade
“ A imaginação
é um dos modos pelos quais a consciência
apreende o mundo e o elabora. Pela
imaginação o ser humano organiza o mundo numa estrutura significativa. Projeta
o que ainda não existe, o devir, o que poderá vir a ser.” Teixeira Coelho
As imagens são
símbolos. São recheadas de significados, de significância existencial. E estão
aí para serem compreendidas em sua essência,
decifradas além da aparência.
A profusão de
imagens, principalmente as estereotipadas “ elimina não apenas todo o sentido,como
as próprias imagens”. Um processo de inflação simbólica tornando o olho cego à riqueza das nuances, à
alteridade, ao desconhecido, ao
estranhamento. Imagens que por seu reconhecimento fácil se esvaziam de tudo que
convoque o pensar. É a superficialidade
provocando o excesso de certezas dos tempos atuais, a solidificação de verdades
estereotipadas.
Olhar é muito mais que ver.
Olhar nos faz diminuir a pressa; ver é
próprio da rapidez. Ver é um ato
fisiológico decorrente do sentido da visão. Vemos porque temos olhos. Olhar
é o fator biológico somado à uma intenção consciente, que gera idéias,
questionamentos e conclusões.
“ Ver é reto, olhar
é sinuoso. Ver é sintético, olhar é analítico. Ver é imediato, olhar é
mediado.” Márcia Tíburi
Para Didi-Huberman, a imagem é uma
forma específica de se pensar o tempo histórico-social. Portanto, pensar as
imagens é pensar a realidade. Mediado em um processo dialógico de produção de significações sobre a experiência
vivida, sobre o que se vê, não apenas o que caracteriza o mundo da natureza,
mas sim de uma realidade significada,
portanto criada, que constitui o mundo da cultura, da realidade,
característicos de uma época e um lugar.
Uma imagem nos convoca a pensar,
nos choca e nos instiga. Carlos Drumond de Andrade escreve um poema pertinente,
Chega mais perto e contempla as palavras.(as imagens, eu acrescento)
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Referências Bibliograficas
AUMONT,Jacques
-
A imagem. São Paulo: Campinas, 1993
DIDI-HUBERMAN, George. O que vemos, o que nos olha. Tradução Paulo Neves. São Paulo: 34 Ed., 1998.
DUARTE JR. João-Francisco. O sentido dos sentidos: a educação (do)
sensível. Curitiba: Criar, 2001
MERLEAU-PONTY, Maurice.
A fenomenologia da Percepção. Tradução: Carlos Alberto Ribeiro de Moura. São
Paulo: Martins Fontes, 2006.
TEIXEIRA
COELHO, José. Moderno Pós-Moderno.
São Paulo: Illuminuras, 1996.
TIBURI,
Marcia. Artigo originalmente publicado
pelo Jornal do Margs, edição 103
(setembro/outubro).
http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos
segunda-feira, 20 de julho de 2015
segunda-feira, 29 de junho de 2015
Para que mesmo, serve a arte?
“… fixa e tornar acessível aos mais humanos dos homens, o espetáculo de
que participam sem perceber”[1]
Maurice Merleau-Ponty
Até bem pouco tempo o cérebro humano
era um mistério para a Ciência. Grandes e importantes descobertas no século XX
desvendaram um pouco mais da sua estrutura
e do seu funcionamento. Nosso cérebro é dividido em dois hemisférios; no
hemisfério esquerdo articulado, localizam-se centros responsáveis pelos raciocínios exatos,
objetivos, digital, e também pela linguagem; no hemisfério direito desarticulado,
analógico, holístico, não verbal, abriga as regiões responsáveis pelas emoções
e pela nossa subjetividade.
“o ponto principal dessas descobertas
… é que parece existir duas modalidades de pensamento, verbal e não-verbal,
representadas separadamente nos hemisférios esquerdo e direito ,
respectivamente, e que o nosso sistema educacional, bem como a ciência de modo
geral, tende a desprezar a forma não- verbal do intelecto.”[2]
Por essa razão, costuma-se dizer que o ser humano aprendeu a utilizar apenas um terço da sua capacidade cerebral.
Sabe-se também, que o cérebro como qualquer músculo, precisa
se exercitar. O emprego continuado fortalece as fibras nervosas que constituem
as conexões entre os neurônios e libera mais neurotransmissores, substâncias
químicas que cruzam as sinapses, os espaços entre eles.[3]
O hemisfério esquerdo do cérebro é estimulado,
pelos raciocínios matemáticos e pelas atividades cotidianas. Mas no hemisfério direito,
certas conecções só se concretizam através da arte, tanto na criação como na
fruição. Pois na experiencia estética
nossos sentidos são exigidos de maneira específica, não genérica como
acontece ordinariamente. Sem o contato com a Arte existem conecções que jamais
ocorrerão,e que criadas, precisarão ser fortalecidas. Esta é uma das funções da
Arte; aumentar nossa capacidade cerebral.
Para alguns pensadores, a
mecanização, a automação e a individualização do nosso tempo são as grandes
responsáveis pelo aumento da violência, e até mesmo pelo constante aumento do uso
de drogas. Segundo Duarte Júnior, tais
condições
“ que produzem uma hipertrofia da razão em detrimento da
emoção, conduzem a violência e a alienação. A violência como uma forma de fazerem
os nervos vibrarem, ou a alienação
quando a vida não faz mais sentido”[4].
Em contrapartida o autor propõem uma
educação sensível, pois nem só a violência, rebeldia e a gritaria são elementos
que podemos utilizar para expressar nossa humanidade.
Da mesma forma, Charles Darwin
afirmava que a ciência o tornou insensível, e falava das possíveis consequências
disso:
“ Perdi
o gosto pela arte. Meu espírito parece ter-se convertido numa máquina de
extrair leis gerais de grandes acumulações de fatos(…)A perda da receptividade
para essas coisas ( as artes) é uma perda da felicidade, possivelmente
prejudica não só o intelecto, como também o caráter moral, já que debilita a
parte excitável da nossa natureza”.[5]
A arte serve então, para valorizar os
aspectos inaproveitados da natureza, tornando o ser humano consciente de si próprio
e projetando tal consciência na realidade que o cerca.
Grupos artísticos em todo o Brasil comprovam o
poder de integração social da arte, propiciando o desenvolvimento de talentos
inatos e consequente aumento da auto
estima, empoderamento e resgate identitário de comunidades inteiras.
Para o filósofo grego Aristóteles a
arte tinha ainda uma função curativa provocando a catarse; através da música do
teatro e da poesia o espectador é incentivado a sentir fortes emoções como o
medo, a piedade ou o entusiasmo, sem cair no desespero. A catarse contribuia
para fortalecer o espírito de comunidade na platéia.
Procuramos
aqui, tornar visível alguma serventia da arte, correspondendo ás necessidades
humanas.
“ A obtenção do prazer é um dos
principais objetivos da arte. Embora o prazer estético e o prazer artístico sejam de natureza especial, não se
deve insistir na sua superioridade. Fundamentalmente trata-se de um prazer como
outro qualquer. Apenas mais totalizador e de maiores ressonâncias psíquicas.”[6]
A
este prazer estético que deve abranger a totalidade da atividade humana, da´-se
o nome de estesia, que vem a ser o
contrário de anestesia. Precisa mais?
Sandra Simões
[1] MERLEAU-Ponty,
Maurice. o olho e o espírito. São PauloCosac & Naif,2002
[3] CRICK, Francis.Refletindo sobre o cérebro.Scientifc American, set de 1979, p
229,230.
[4] DUARTE Junior, J Francisco. Porque
Arte-educação? Campinas: Papirus,1985.
[5] GARDNER, Howard. As Artes e o Desenvolvimento Humano.Poa: Artmed,1997.
sexta-feira, 24 de abril de 2015
Alegorias
Alegoria: I am sweet
Certos hábitos, usos ou costumes
adquirem o status de culturais em determinados lugares. Em nosso Estado, por
exemplo, as cores vermelho e azul identificam o torcedores do Colorado e do
Grêmio. São manifestações culturais espontâneas. Outras são convenções criadas pela mídia que o tempo legitima porque incentivam uma
atitude positiva. Por esse motivo, acredito ser pertinente enfocar um tema
midiático pelo ponto de vista da Arte, neste espaço onde o tema predominante é
Cultura.
Foi convencionado pela Unesco o dia
14 do mês de novembro como Dia Internacional do Combate a Diabetes, tendo como
símbolo o circulo azul. Coleciono as ampolas de Insulina e as seringas com que a
aplico, desde que a Diabetes entrou na minha vida. Pensei realizar trabalhos
artísticos e organizar uma exposição, com esse assunto como acontece em outros
países como Portugal. Diante da crescente mecanização do tempo atual, o ser
humano corre o risco de cada vez mais se adaptar ao estabelecido, se colocando
em uma função apática, meramente contemplativa, sem questionamentos. Ao invés
de contemplar pacificamente a coisificação de meros objetos de consumo, resignifico-os poeticamente.
“ O alegorista não inventa imagens, ele as
confisca… Em suas mãos a realidade se transforma em outra coisa.” Craig Owens.
Utilizei os objetos que colecionei durante
vários anos, nesta série, sob o conceito
de Alegoria, embricando arte e vida.
Na origem de Alegoria estão os termos
gregos allos =
outro, acrescido de agourei= fala.
Assim, apresento uma “outra fala” a respeito daqueles objetos comuns a qualquer
portador de Diabetes
A série I am sweet ( Eu sou doce)
compreende as Alegorias I, II e III;
Alegoria I .
Uma
mandala construída com as ampolas e seringas de Insulina.
Alegoria II.
Xilogravuras sobre papel arroz com a Inscrição
I am sweet circunscrita no circulo
azul.
Alegoria III.
Uma gota sangue em aguarela
inserida em dois tijolos de vidro, simbolizando
um cubo de açucar.
A função da arte é provocar,
instigar, arrancar dessa “contemplação melancólica que hipertrofia a razão em detrimento da
emoção”. Reconheço aqui uma “estética do
cotidiano” o que segundo Tassinari é
“quando um objeto qualquer, na vida
diária, adquire valor estético para alguém e como que salta para fora dela,
comunicando o que poderia permanecer encerrado na experiência de cada um.”
Desta forma, compartilho minhas vivências em
procedimento próprio da arte contemporânea, na exposição Jogos da Memória.
A intensão é que observador se
permita o exercício de de ler o que a obra de arte tem a dizer sobre a vida.
Sandra Simões
DUARTE JUNIOR, J Francisco. Porque arte –Educação?
Campinas: Papirus,1985.
TASSINARI, Alberto. O espaço Moderno. São Paulo: Cosac
& Naif,2001.
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